12.10.04

Clarão do futuro

Portuguesas e portugueses, deixem-se enganar pela luz transmitida na televisão em horas desencontradas nos diferentes canais. É coisa de boa feitiçaria hipnótica e miragem de boas novas, sem ruído. O ruído que se tem instalado sem qualquer razão de ser. Importante é o que têm feito por nós e aquilo que continuarão a fazer: mais pontes de descanso, mais dinheiro para idosos, redução das taxas do IRS. E tudo para já, depois de se ter achado inviável. Mas tudo é possível com este novo clarão vindo da janela do futuro que se anuncia melhor, muito melhor para todos nós. Que se silenciem os ruidosos palradores do contra, porque, com esta imagem de marca, assim nos media luzindo, com a pluralidade desta realidade livre, não há quem consiga desmentir a competência do Governo que por nós zela, trabalhando com afinco. Veja-se as escolas! O ano lectivo arrancou. Ponto. Não correu muito bem. Os putos não têm professores. Algumas escolas (poucas, sempre poucas) têm problemas (pontuais, sempre pontuais), mas temos ou não temos ano lectivo? E depois, nenhum humano que se preze está imune ao erro, essa mancha da imperfeição presente em todos os corpos bípedes, em todas as almas racionais. Erros acontecem. Não os confundam é com actos menos nobres. Coisas como censura, abuso, mentira. Isso não! Eles não merecem. Nem mesmo quando se desmentem uns aos outros, quando se desunham por um lugar ao sol. Afinal, esses pequenos desacertos, esses braços de ferro pelo território do poder também são coisas de ser humano.