6.11.04

Como em Londres - Coroa

A brilhante ideia já baila nos cérebros do bom Governo: queres entrar na grande capital ou no Porto? Ide de transportes, caríssimo cidadão. As cidades estão poluídas: qualquer dia será impossível lá entrar, será irrespirável. O trânsito é caótico. Já se deram conta da quantidade de horas que passam ao volante, com os nervos em franja, preocupados com os atrasos, roendo as unhas porque vão chegar atrasados ao emprego? E os buzinões dos espertalhões? E as manobras perigosas dos cabrões que de um momento para o outro acabam com a nossa vida? E os regressos aos lares? Também não são melhores: parados ou em marcha lenta, fechados nos duros pensamentos das agruras da vida. É o filho que espera no infantário que não tarda nada fecha e nós ainda presos no trânsito. E aquela chatice no trabalho com o filho-da-puta do colega que nos fez aquela desfeita? E as difíceis aritméticas do orçamento familiar? Todos esses pensamentos podem emergir em plena fila que não anda. Aumenta a vossa angústia. Chegam a casa esgotados. Não querem saber de mais nada (já não aguentam) e têm de dar atenção ao rebento que não tem culpa de ter nascido e que da vida adulta nada sabe e quer atenção e pede e vós, vós cansados, com tanta merda na cabeça que nem uma sílaba conseguem ouvir, quanto mais uma choradeira da criança que legitimamente reclama atenção. Pensai bem. Não será melhor ir e vir de transportes com um livro ou um jornal ao colo? Ou mesmo ouvir a velhota que desesperadamente precisa de falar para espantar a solidão que vive nas paredes do lar vazio. Oh, bem sei, bem sei! Os transportes não funcionam muito bem. Mas quem sabe se as coisas não mudam se os utilizarmos mais, se deixarmos de ser tão comodistas. As coisas até têm mudado. O metro aumentou as cores das linhas. Quando existir menor número de veículos particulares, talvez os autocarros não se atrasem nas carreiras. Acreditemos: qualquer dia a pontualidade britânica instala-se no nosso quotidiano. Se desejamos importar medidas, criemos condições para que funcionem, pelo menos, como em Londres. E, de qualquer maneira, essa coisa das portagens é só uma ideia. Ainda.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Não é só em Londres, há mais cidades europeias em q existe essa restrição. Em Roma foi assim q a cidade se tornou habitável e visitável, p exº. AzC

9:57 da tarde  

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