25.9.04



É conhecida a colaboração artística entre Salvador Dali e Luís Buñuel que na tela registaram sonhos, naquele que é um dos mais emblemáticos filmes sob o signo do surrealismo. Estávamos em 1928 quando nasceu Un Chien Andalou, filme de culto que abriu as portas do onírico universo dos dois génios. Portas que se abrem para as praias do inconsciente, assaltado por cortes de navalhas que rasgam a visão "normal", um choque que nem os burros de cabeça pendente sobre dentes de piano conseguem ficar indiferentes. Nesta curta-metragem estão já algumas inquietações que amiúde aparecerão na obra de Buñuel: sexualidade, religião (ou a falta dela, para ser mais correcto: "Thank God I'm an atheist."), inconformismo, provocação.
A extensa obra de Buñuel é complexa, emocionalmente portentosa, repleta de matizes e admiráveis subtilezas expostas simbolicamente, de leitura subjectiva. Talvez por isso, a sua obra se tenha tornado num caso de estudo psicanalítico ao qual muitos já se dedicaram. Por aqui não há a intenção de o fazer. Talvez, noutro dia, voltemos a falar dele. Por agora, a única intenção é a de mostrar: Un Chien Andalou*.

* Aviso: paciência, amigos. O filme demora a carregar...