Danças de Domingo
Já dançam para fora da Quinta as primeiras celebridades que com picos nos pés (ai!, ui!) abandonam a árdua vida campestre. Saem de cabeça erguida e com ares de vedetas que dão ao povo as gargalhadas que estes precisam de soltar para esquecer o caro quotidiano. E é assim: o povo ri-se, o povo sabe, o povo manda, o povo vota, o povo expulsa porque já se sabe: é o povo quem mais ordena. E como tal, por outras paragens, também ordenaram: que o bailinho que por aqui se dança continue a ser o mesmo, que Jardim some quatro anos aos 28 que leva nos comandos da Madeira. Nos Açores também não há mudança que se queira ver: o PS continua a vencer. Mas a mais danças circulares, sem mudança que contradiga histórias recentes, se assistiu neste grande domingo. Em noite de luz, dançaram dragões em peles de adeptos, aquela gente que teve bilhetes, deixaram de ter, voltaram a tê-los e lá entraram na catedral encarniçada que todos temiam ser incendiada. Não foi, não senhor. Nem tão-pouco a Lisboa que alguns dizem querer ver a arder, sem se saber (nem eles, espera-se!) bem porquê. Mas as coisas não podiam ser mornas porque a noite – estava marcada – era também de expulsões. E de confusões: um jogador de cada lado para a rua, avermelhados pela sua conduta menos própria, de pronto repreendida pelo juiz Benquerença, nome extraordinário para o homem do apito que os encarnados acusaram de azulado, chocados com os pés de dança no relvado. E também há novelas de bolas que passaram do risco, de penalidades impunes… enfim, as discussões do costume porque há que viver. E falar. Mas de quê? Dos tristes espectáculos que o povo soberano vê na TV em domingos recheados, já sem Marcelo, para comentá-los.
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