8.2.05

Corsos

É daqui, com a porta a sete chaves trancada, que se ouve a festarola carnavalesca. Esse imenso Carnaval que anda à solta no país mascarado de folião, pequenino e dançarino, convertido à fantasia do Entrudo, onde cabem todos os disfarces. É o país definitivamente invadido por espanholas peludas, os imortais palhacinhos de martelo em riste, as bailarinas, as fadas madrinhas, as madrinhas sem aura, e mais mil fantasias brincando nos grandes corsos, lado a lado com esse outro grande espectáculo dos comícios da campanha que oficialmente rebenta. E com grandes novidades. Sabemos, por exemplo, que o Doutor Paulo Portas é candidato a primeiro-ministro, empolgado por um banho de gente que, segundo rezam as boas crónicas, assistiu ao início da campanha do CDS. O ego, meus amigos, fez-se para ser alimentado, para viajar, para ser usado e abusado. Neste fervente deslumbre sobem as aspirações do senhor da campanha pela positiva, da campanha da tenda itinerante que pelo país quer deixar a marca da seriedade numa mui inteligente posição, afastado das questões menores, só para os problemas do país virado e muito longe desse “espectáculo humilhante para a política, que dá ideia que com estes governantes vale tudo", frase lapidar do Doutor Sócrates, referindo-se ao Doutor Santana, por este, segundo ele, “ter trocado o carro do PSD pelo Falcon do Estado”. Envolveu, pois, “meios do Estado na campanha”. Onde já se viu semelhante desplante!?
Miúda novidade é a última facada do Professor Cavaco nas fragilizadas costas de Santana Lopes. Ora o prof. aposta “numa maioria absoluta do PS nas legislativas de dia 20 e considera que esse é o melhor cenário para o lançamento da sua candidatura à Presidência da República. Cavaco está mesmo convencido de que esse cenário se vai concretizar e tem manifestado essa opinião em reuniões sociais em que tem participado e nas quais se tem encontrado com figuras do PSD, sobretudo críticos da actual liderança de Pedro Santana Lopes.” Assim, com todos estes fortes ventos que sopram de todo o lado, prossegue o esfaqueado Santana o seu calvário pelo país afora, ao lado do Doutor Alberto João que preteriu as fantasias de rei nos corsos da Madeira para, de corpo presente e alma sem sem máscaras, à campanha se entregar. E assim vai ela, a campanha, em Carnaval.

1 Comments:

Blogger augustoM said...

O acaso por vezes tem coisas como esta. Assenta que nem uma luva às eleições o timing do carnaval. Antigamente no carnaval a figura mais típica em lisboa era o Chacha, estamos a assistir à restauração da tradição.
Um abraço. Augusto

6:49 da tarde  

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