O Regresso da Cabala
Quando todos nós pensávamos que não mais ouviríamos a palavra cabala, tão popular nos conturbados tempos mui escandalosos em que o PS era oposição, na altura chefiado pela estranha figura do digno senhor Ferro, eis que agora, ela, a palavra cabala, regressa, associada a outra figura, mais esotérica, celebridade histérica, que volta a trazer para a boca do mundo esse delicioso vocábulo, entretanto injustamente esquecido no rico léxico nacional. É essa figura um tal de João Chaves, que, a partir do ambiente rural controlado pela tecnologia do directo, promete divulgar a palavra, e espalhar a doutrina, nessa caixa que mudou o mundo, para pior. E assim, de pior em pior continuará, se rodar este mundo como tem rodado – sobre si, no sentido inverso ao andamento dos ponteiros, quando eles, os ponteiros, existem, nos ricos Rolex. Mas esta cabala - desenganem-se os caçadores de escândalos - não trás polémica no bico. É outra cabala, com grande Cê. Pacifica, religiosa e interpretativa.
Esta Cabala há muito que existe, e disso sabíamos, mas nada como a mediatização para a tornar religião. Era do que precisávamos, meus amigos. Neste mundo, quanto mais palavras, quanto mais vozes existirem, melhor. É que andando isto tão perdido, mesmo a pedir perdição, é de todo em todo aconselhável que existam vários reinos, para que cada um consiga encaixar-se, achar-se, acalmando a alma, e descobrir apaziguamento nesta grande insegurança em que a falta de crença alastra nos consumidos (e consumistas) espíritos humanos. Já sabem: passem a palavra…
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