3.8.05

Só Se o Homem Mandar VIII

Finalmente, Lindocão! Finalmente chegou o grande Agosto. Arriba a estrangeirada, essas aves endinheiradas, com muito euro no bico. É, pois, chegada a época em que entramos nós em acção. Sim, nós. Não penses que vou andar por aí sozinho. As tristes figuras devem andar acompanhadas. É dado comprovado; é dado literário, até. E o esforço que te peço para este extra de Verão está ao alcance de todos. Eis do que precisamos – lata. Lata na cabeça, mais uma lata para cada um, plantada em frente aos nossos focinhos que irão cheirar o cêntimo fresquinho, quando ele tilintar perto dos nossos ouvidos, fazendo aumentar o nosso parco pecúlio. Afastemos a crise e reconfortemos o miúdo estômago! E não nos digam que é trabalho menor, este, ou desprezível actividade, pois ficar quedo horas a fio, em posição menos digna para aumentar a pena e dobrar a dor, não está ao alcance de qualquer trabalhador. Mas para ti, Lindocão, há uma recomendação especial: não dês ouvidos aos impropérios e às gargalhadas, nem às bocas escarninhas. Que não te dê para a dentada perante o insulto; ou para festivas manifestações perante o afago dos transeuntes, que serão, digamos assim, nossos patrões. E já se sabe: respeitinho perante o pagante! Merece-nos ele todo o respeito e até vénia constante, para que no final de cada dia, quando aparecer a brisa que no escuro respira, tenhamos o pedaço de pão que o corpo precisa. Ah! É falar em pão, Lindocão, e já percebes a urgência desta diligência, o cuidadinho a ter, para mais logo ter o que comer. Pois bem, vamos a isto! E esperar que os olhos dos que estão em férias se humedeçam perante a indigência. Preferes lata ou fome? Lata, não é? Lata, Lindocão. Ou copo… Ou…