Em dia de posses, certamente tomadas em digno estado de pose, uma entrada chata, quiçá ousada ou "delirante".
Pela pena de Platão, diz Sócrates:
(…) "as pessoas de bem não querem governar nem pelas riquezas nem pela honra; porque não querem ser tratadas de mercenários, exigindo abertamente o salário da sua função, nem de ladrões, tirando dessa função lucros secretos; também não trabalham pela honra: é que não são ambiciosos. Portanto, é preciso que haja obrigação e castigo para que aceitem governar – é por isso que tomar o poder de livre vontade, sem que a necessidade a isso obrigue, pode ser considerada vergonha – e o maior castigo consiste em ser governado por alguém ainda pior do que nós, quando não queremos ser nós a governar; com este medo parecem agir, quando governam, as pessoas honradas e então vão para o poder não como para um bem, para o gozarem, mas como uma tarefa necessária, que não podem confiar a melhores que elas nem a iguais. Se aparecesse uma cidade de homens bons, é provável que nela se lutasse para escapar ao poder, como agora se luta para o obter, e tornar-se-ia evidente que o governante autêntico não é feito, na realidade, para procurar a sua própria vantagem, mas a do governado; de modo que todo o homem sensato preferiria ser obrigado por outro do que preocupar-se em obrigar outros." (...)
Em "A República"
Nota: Sublinhados arranjados aqui na toca.
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