3.12.04

Já Ferve o Vulcão

Disse o Sr. Presidente que sim, sim senhor, ficais no poleiro, Santana. Juntai a tua tropa e experimentai o doce poder. Mas cuidadinho!, ficarei de olho em ti porque com estas coisas de governar não se brinca. Ufano e protegido pelas boas estrelas, Santana fez e desfez, prometeu continuar com o cinto apertado mas decidiu dar-lhe mais folga e torná-lo... assim… mais para o lasso, numa elegante piscadela de olho aos votantes, portuguesas à cabeça, portugueses por arrasto. E não se ficou nem se tocou: encetou remodelações sem nome nem tino, e, sem juízo nas coisas do Estado, comparou o seu Governo ao bebé, que, pobre ingénuo, acabou por sucumbir às mãos de quem lhe havia dado a precária vida.
Urras e urros contidos se ouvem pelas ruas numa manifestação de claro apreço pela decisão última do Presidente, assim reconciliado com o soberano povo, essa massa nem dita nem achada nas melindrosas coisas do poder, e que, finalmente, vê a sua oportunidade para fazer do seu voto a lei da democracia que ditará o novo comandante, achado, com certeza, lá para Fevereiro do ano de 2005. E para essa batalha tão próxima já ferve as entranhas do vulcão PSD, muito agitado, muito confundido, sem saber se quer expulsar do seu ventre os "incompetentes", ou se quer trazer até à superfície a boa safra dos antigos "competentes", esses sim, acham alguns, capazes de cuspir a lava que queimará as aspirações socialistas, muito bem colocadas nas sondagens que ordenam as intenções dos nossos votos. Esperam-se, pois, tempos muito agitados nas cores políticas da nação que cambaleia nesta bêbeda indecisão.